Category Archives: O Repertório Cinematográfico

Frost vs Nixon

 

Em tempo de férias é obrigatório estar em casa “de molho”, o que significa que desde o fim-de-semana que passo o meu tempo todo a ver filmes no FOX MOVIES.

 Foi então que fiz uma nova descoberta no meu repertório cinematográfico: Frost/Nixon.

 

É um excelente filme que se baseia em factos históricos. Eu sei, parece uma grande seca… Parece ser daqueles filmes que não têm interesse para ninguém, daqueles que falam de coisas que nós não percebemos patavina, tudo desde o início até ao fim, mas não é verdade. Porque tudo se baseia numa só entrevista (entre as personagens principais) em  que as emoções estão mais implícitas do que aparentam estar.

 

Todos os envolvimentos da história e da entrevista aconteceram na realidade.

Os acontecimentos são da época dos anos 70, na altura em que surge um escândalo nos Estados Unidos da América, que envolve o seu então presidente, Richard Nixon (Frank Langella). O escândalo é político, conhecido como O Caso de Watergate, que demonstrava que o presidente tinha cometido um terrível acto de corrupção. A história do filme começa na “ressaca” da própria demissão de Nixon do seu cargo de presidência. A polémica do caso chama à atenção do jornalista britânico David Frost (Michael Sheen), que arrisca toda a sua carreira para se dedicar a algo totalmente diferente daquilo que já tinha feito (o que poderia levar à sua ascenção e sucesso): uma entrevista com o já ex-presidente dos E.U.A.

 

Richard Nixon vs Frank Langella

David Frost vs Michael Sheen

 

É a partir daí que o filme realmente interessa, é quando se cria aquela espécie de confronto entre ambos o presidente e jornalista.

É este frente-a-frente que é determinante para ambos, sendo que imensa coisa está em jogo: ambas as carreiras de Nixon e Frost, as suas vidas pessoais e sociais,a credibilidade do governo dos Estados Unidos e a opinião do povo americano face à política do seu país. Mas apenas um pode ganhar, sendo que ambos manipulam-se mutuamente.

Este jogo, que se prolonga em várias entrevistas, finaliza-se no dia em que Frost aborda Nixon sobre o caso de Watergate.

A versão original dessa entrevista:

A versão do filme:

Acho que não é difícil perceber o que acontece de seguida.

O filme acaba por ser bastante emocionante e envolvente, a sério, é mesmo. É na parte final que se percebe que afinal o raio do filme não tem qualquer tipo de intenção de nos ensinar História. Tem sim, é intenção de nos dar uma lição de moral. E das boas.

Ficamos com uma boa sensação de que em lugar de pessoas que descem na vida, há outras que sobem em seu lugar. Uns ficam no pódio, outros na lama. Mas todos somos humanos. Umas vezes somos bons, outras vezes maus. Por vezes tomamos o caminho correcto, outras vezes tomamos o errado. Mas quando nos expomos terrivelmente ao público, basta um erro para que sejamos rotulados para o resto da nossa vida como sendo um fracasso. Basta um erro para nunca mais nos levantarmos. Sendo assim, para quem ainda não teve a oportunidade de ver este filme, recomendo totalmente. Deixo algumas citações do filme:

 

“Sim… Eu desiludi o povo americano. E vou ter que carregar esse fardo até ao resto da minha vida. A minha vida políica acabou.” (Richard Nixon)

“Sabem, o primeiro e maior pecado para a decepção da televisão é que esta simplifica, diminui ideias grandes e complexas, partes do tempo, grandes carreiras ficam reduzidas a uma simples visão.”

“A cara de Richard Nixon inchada e devastada pela solidão, ódio-próprio e derrota. O resto do projecto e as suas falhas não seriam só esquecidas, era como se nunca tivessem existido.” (James Reston Jr.)

Fontes: IMDb, IMDb (citações), Frost, Nixon, O Caso Watergate.

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